A primeira oportunidade de conseguir ingressos para a Copa do Mundo de 2026 é na quarta-feira (10 de setembro). Mas fique atento: os ingressos podem não ser fáceis de conseguir — e provavelmente não serão baratos.
A demanda pelo popular campeonato masculino deve aumentar ainda mais quando o torneio começar nos Estados Unidos, México e Canadá em junho de 2026.
A FIFA, organização por trás da Copa do Mundo, também está mudando a forma como vende ingressos para seu principal torneio, o que pode agravar os desafios de comprá-los.
O mais importante é que a FIFA está prestes a revelar um sistema de preços controverso: eles dizem que não é o mesmo que preços dinâmicos — mas os preços serão ajustados de acordo com a demanda.
Aqui está o que você precisa saber sobre as vendas de ingressos para a Copa do Mundo.
Haverá várias datas de venda de ingressos
A primeira janela para comprar ingressos abrirá em 10 de setembro e terminará em 19 de setembro — mas apenas para portadores de cartão VISA qualificados. E eles precisam primeiro registrar seu interesse na FIFA. E as pessoas não poderão comprar ingressos nesse momento.
De acordo com informações fornecidas pela FIFA, os candidatos serão sorteados por meio de um sorteio. Caso sejam aprovados, receberão uma data e horário específicos para comprar ingressos a partir de 1º de outubro.
Os selecionados terão a chance de comprar ingressos para qualquer um dos 104 jogos que serão realizados nos três países no próximo ano — incluindo a final. Os compradores simplesmente não saberão quem estará jogando, já que o sorteio só será realizado em 5 de dezembro.
Pacotes de ingressos específicos para cada local, ou seja, ingressos para alguns jogos em uma cidade-sede específica, como Boston ou Cidade do México, também estarão disponíveis. Além disso, os espectadores poderão comprar ingressos específicos para uma seleção nacional, mas apenas para os três jogos da fase de grupos que cada equipe jogará.
Outras oportunidades de compra de ingressos surgirão, inclusive no final de outubro, após o sorteio da fase de grupos, e no ano que vem.
A FIFA também operará uma plataforma de revenda para portadores de ingressos que não queiram mais assistir a uma partida, como já fez em torneios anteriores.
Os ingressos começarão em US$ 60 por jogo — com uma grande ressalva
A FIFA divulgou que alguns ingressos para a fase de grupos começarão em US$ 60, afirmando que isso oferecerá “um ponto de entrada acessível para o torneio”. Ainda assim, a associação observa que os ingressos “mais exclusivos” podem chegar a US$ 6.730 para a final.
Mas o que eles não estão divulgando tão abertamente é que a organização também implementará preços que flutuarão de acordo com a demanda, uma novidade para a Copa do Mundo.
Não se trata de preços dinâmicos propriamente ditos; eles estão chamando isso de “preços variáveis”. Mas as diferenças entre os dois podem ser tênues.
Heimo Schirgi, Diretor de Operações da Copa do Mundo da FIFA de 2026, diz que preços variáveis significam que “a forma como os preços são ajustados não é tão acentuada e é mais equilibrada entre as diferentes fases”.
Um dirigente da FIFA disse ainda à NPR que os preços não serão definidos por “algoritmos automatizados”, mas sim orientados por uma equipe que monitorará e fará ajustes regulares em tempo real nos preços dos ingressos com base na oferta e na demanda — o que sugere que os dirigentes da FIFA podem, em última instância, determinar o quanto estão dispostos a baixar os preços. (O dirigente não quis ser identificado porque não estava autorizado a falar com a imprensa em caráter oficial.)
A FIFA justificou sua decisão afirmando que está simplesmente se adaptando aos mercados dos EUA e do Canadá, onde times profissionais costumam usar a controversa prática de ajustar os ingressos com base na demanda, assim como companhias aéreas ou hotéis.
O “preço variável” da FIFA será aplicado a partir do início da janela de vendas em outubro, o que significa que o “ponto de entrada acessível” de US$ 60 poderá aumentar rapidamente, dependendo da agressividade da organização com os preços.
Preços ajustados à demanda também poderão ser implementados na plataforma de revenda planejada pela FIFA nos EUA e no Canadá, embora a FIFA não tenha fornecido detalhes exatos.
No entanto, no México, a plataforma de revenda funcionará como uma plataforma de troca, o que significa que os compradores podem receber até o valor que gastaram comprando um ingresso da FIFA — e nada mais. É assim que a FIFA operava suas plataformas de revenda no passado.
A demanda pela Copa do Mundo de 2026 provavelmente será enorme
É claro que ajustar os preços com base na demanda não significa necessariamente que os preços aumentarão ainda mais. Na Copa do Mundo de Clubes da FIFA — torneio realizado nos EUA este ano — os preços caíram em vários jogos porque a demanda foi menor do que o previsto.
Mas a Copa do Mundo é muito maior e mais consolidada do que a Copa do Mundo de Clubes. A FIFA já havia dito que espera mais de 5 milhões de pessoas na edição do próximo ano.
Isso quebraria o recorde anterior de 1994, a última vez que os EUA sediaram o evento, atraindo mais de 3,5 milhões de espectadores.
Isso se deve, em parte, à ampla expansão do torneio, que agora contará com 48 seleções, mais do que as 32 que participaram da Copa do Mundo anterior, no Catar. A Copa do Mundo de 2026 também será realizada em três países e em locais como o Estádio MetLife, com capacidade para mais de 80.000 pessoas.
No entanto, a demanda provavelmente será maior do que a oferta, e conseguir ingressos pode ser difícil.
Durante a Copa do Mundo de 2022 no Catar, a FIFA informou ter recebido mais de 23 milhões de solicitações para cerca de 3,4 milhões de ingressos disponíveis, o que significa que os compradores que desejavam ingressos tiveram uma taxa de sucesso de apenas 15%.
Existem outras maneiras de conseguir ingressos — incluindo ingressos de hospitalidade e um sistema de “direito de compra”. Para aqueles que não querem a incerteza de tentar comprar ingressos regulares durante um período de vendas, existe outra maneira de participar — mas isso terá um custo.
Eles são chamados de “ingressos de hospitalidade” e esses ingressos premium são bem conhecidos pelos fãs americanos. Eles dão ao portador do ingresso acesso a uma área reservada, como um camarote, além de uma variedade de bebidas e comidas.
Mas são caros. Os ingressos para o evento já estão à venda desde o início deste ano, incluindo para jogos individuais e pacotes que chegaram a US$ 73.200.
Os preços também oscilaram ao longo do ano com base na demanda. Atualmente, o ingresso para o evento mais barato para um único jogo está listado em US$ 1.350.
A FIFA também introduziu um novo método de venda de ingressos chamado “direito de compra”, ou RTBs. Eles oferecem aos compradores a oportunidade garantida de comprar ingressos para jogos específicos, incluindo a final. Para obter um, os torcedores precisam comprar cartões digitais que a FIFA lança, ou “distribui”, periodicamente. Eles são como cartões eletrônicos de beisebol; geralmente contêm uma cena ou vídeo de um jogo anterior da Copa do Mundo.
Os preços variam de centenas de dólares para oportunidades garantidas de comprar jogos dos playoffs até “pacotes surpresa” mais baratos que podem ou não conter um RTB. Isso nem sequer leva em conta o preço real do ingresso, que os compradores precisarão pagar quando a FIFA os disponibilizar.
A FIFA até administra um marketplace onde proprietários de ingressos RTB podem comprar e vender essas oportunidades.
Pode ser a Copa do Mundo mais lucrativa de todos os tempos
A combinação de preços variáveis e mais jogos provavelmente resultará na Copa do Mundo mais lucrativa de todos os tempos.
A Bloomberg Intelligence estima que a FIFA pode arrecadar um recorde de US$ 4,4 bilhões, não apenas com a venda geral de ingressos, mas também com um forte investimento em ingressos de hospitalidade. Tal arrecadação também representaria um aumento de 378% em relação ao último torneio masculino no Catar, de acordo com o analista de pesquisa de ações Kevin Near, refletindo em parte a expansão do torneio com 104 partidas e 48 seleções.
“Esses estádios são enormes, têm uma ocupação enorme”, diz Near. “E como há um foco tão grande há algum tempo na construção de espaços premium e de luxo, é daí que virá grande parte desse dinheiro.”
A FIFA, no entanto, é particularmente sensível às críticas de que busca apenas lucro, afirmando que a grande maioria do dinheiro arrecadado com seus torneios se destina a ser distribuído entre suas 211 associações-membro para ajudar a apoiar o crescimento do futebol em todo o mundo.
“Como parte dessa missão, que levamos muito a sério, buscamos otimizar a receita, mas também otimizar o público nos estádios, então é sempre um equilíbrio entre diferentes fatores”, disse Schirgi, da Copa do Mundo FIFA 26, em um comunicado por e-mail.
É claro que atingir esse equilíbrio não significa necessariamente que os preços dos ingressos serão baixos. Então, quando a primeira janela de venda de ingressos abrir na quarta-feira, uma coisa é certa: comprar um ingresso para a Copa do Mundo pode se tornar uma grande aventura.
Fonte: npr.org por Rafael Nam