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Nascida em Salvador, em 26 de maio de 1914, a futura Santa Dulce dos Pobres foi batizada como Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, foi uma freira brasileira e santa da Igreja Católica, lembrada por suas obras de caridade e assistência aos pobres e necessitados, tanto que foi apelidada Anjo bom da Bahia.

Em 2011 foi beatificada pelo enviado especial do Papa Bento XVI, Dom Geraldo Majella Agnelo, em Salvador, e canonizada em 13 de outubro de 2019 pelo papa Francisco com o título de Santa Dulce dos Pobres, sendo a primeira santa nascida no Brasil.

O Anjo Bom da Bahia viveu até os 77 anos, morrendo em 13 de março de 1992, em Salvador.

Irmã Dulce ganhou notoriedade por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados, obras essas que ela praticava desde muito cedo. Na juventude já lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ela também criou e ajudou a criar várias instituições filantrópicas: uma das mais importantes e

famosas é o Hospital Santo Antônio, que foi construído no lugar do galinheiro do Convento Santo Antônio. Hoje o hospital atende diariamente mais de cinco mil pessoas. Foi uma das mais importantes, influentes e notórias ativistas humanitárias do século XX. Por suas ações de amor e assistência aos desfavorecidos, recebeu a alcunha de “Anjo Bom da Bahia”. Suas obras de caridade são referência nacional, e ganharam repercussão pelo mundo. Seu nome é sempre relacionado à caridade e amor ao próximo, fato pelo qual é intitulada “Mãe dos Desamparados”, gravado até mesmo como epitáfio de seu primeiro túmulo. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz no ano de 1988 pelo então presidente do Brasil, José Sarney, porém não ficou com o título. Em 2001, foi eleita “a religiosa do século XX”, em uma eleição que foi publicada pela revista Isto É. Em 2012, foi eleita uma dos 12 maiores brasileiros de todos os tempos em pesquisa feita pelo SBT, para eleger a personalidade que mais contribuiu para o país.

“Irmã Dulce foi uma grande pioneira. Ela fez tudo isso em uma época em que a mulher era marginalizada e foi missionária, colocou a religião nas ruas. Ela se tornou um exemplo de fé pela espiritualidade, pela obediência e também pelo trabalho missionário, numa época em que as mulheres ficavam reclusas nos conventos. Ela levou o que aprendeu para uma prática de solidariedade”, diz Felipe Cosme Damião Sobrinho, padre e professor na faculdade de teologia da PUC-SP.

Em 2014 o governador da Bahia, Jaques Wagner, instituiu por um decreto a data de 13 de agosto como o Dia Estadual em Memória à Bem Aventurada Dulce dos Pobres, contudo, a data não é feriado.

Irmã Dulce foi incluída no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria através da lei nº 14 584, de 16 de maio de 2023.

Biografia

Maria Rita era filha de dona Dulce Maria de Souza Brito e do doutor Augusto Lopes Pontes, dentista e professor da Universidade Federal da Bahia. Quando criança, costumava rezar muito e pedia sinais a Santo Antônio, pois queria saber se deveria seguir a vida religiosa ou se casar. Desde os treze anos de idade, depois de visitar áreas carentes, acompanhada por uma tia, ela começou a manifestar o desejo de se dedicar à vida religiosa. Começou a ajudar mendigos, enfermos e desvalidos. Nessa idade, foi recusada pelo Convento de Santa Clara do Desterro, em Salvador, por ser jovem demais, voltando a estudar.

Então, e sendo este o motivo pelo qual não foi aceita, a menina Maria Rita tinha boas referências para procurar o Convento do Desterro, pois o mesmo já gozava da boa fama de ter tido veneráveis religiosas, como a Madre Vitória da Encarnação, primeira religiosa brasileira com fama de santidade, falecida em 1715, a Madre Maria da Soledade e a Madre Margarida da Coluna, que juntas são chamadas de as Três santas do Desterro. Já em 1730, escrevia sobre as virtuosas religiosas deste convento, Sebastião da Rocha Pita, no seu livro História da América Portuguesa.

Foi crescendo com o amor de Deus a pureza nas religiosas em tal grau, que competiam em santidade, e

faleceram algumas admiráveis em prodigiosa penitência e com notável opinião, entre as quais se conta a madre Soror Victória da Encarnação, cuja vida anda escrita por ilustríssima pena, que foi a do senhor D. Sebastião Monteiro da Vide, arcebispo da Bahia, que com vôos de águia soube registrar as luzes daquele extático sol.

Com o consentimento da família e o apoio de sua irmã, Dona Dulcinha, a menina foi transformando a casa da família, na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré, num centro de atendimento à pessoas necessitadas. A casa ficou conhecida como “a portaria de São Francisco”, tal o número de carentes que se aglomeravam a sua porta.

Em 8 de fevereiro de 1933, logo após se formar professora primária (1932), Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, após seis meses de noviciado, ela fez sua profissão de fé e votos perpétuos, tomando o hábito de freira e recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem a sua mãe, aos 19 anos de idade. Em seguida (1934), voltou a Salvador. Sua primeira missão como religiosa foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, na Cidade Baixa, além de também assistir as comunidades pobres da região.

Em 1936, com apenas 22 anos, fundou, com Frei Hildebrando Kruthanp, a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário da Bahia. No ano seguinte, sempre com Frei Hildebrando, criou o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações. Tinham como finalidade a difusão das cooperativas, a promoção cultural e social dos operários e a defesa dos seus direitos.

Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e seus filhos. No mesmo ano, para abrigar doentes que recolhia nas ruas, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha do Rato, em Salvador. Depois de ser expulsa do lugar, teve que peregrinar durante uma década, instalando os doentes em vários lugares, até transformar em albergue o galinheiro do Convento de Santo Antônio, que mais tarde deu origem ao Hospital Santo Antônio, centro de um complexo médico, social e educacional que continua atendendo aos pobres.

Mesmo com a saúde frágil, Irmã Dulce construiu e manteve uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país — as Obras Sociais Irmã Dulce.

Por trinta anos dormiu em uma cadeira de madeira, cumprindo a promessa feita em 1956 para que sua irmã Dulce sobrevivesse a uma gravidez de alto risco.

Em 1980, durante a primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil, Irmã Dulce foi convidada a subir ao altar para receber uma bênção especial. O Papa retirou do bolso um rosário e ofereceu a ela dizendo: “Continue, Irmã Dulce, continue”.

Em 1988, foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz, pelo então presidente do Brasil José Sarney, com o apoio da rainha Silvia da Suécia.

Em 2000, foi distinguida pelo Papa João Paulo II com o título de Serva de Deus. O processo de beatificação de Irmã Dulce tramitou na Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano.

Entre os diversos estabelecimentos que Irmã Dulce fundou estão o Hospital Santo Antônio, capaz de atender setecentos pacientes e duzentos casos ambulatoriais. O atendimento médico conta com especialização geriátrica, cirúrgica, hospital infantil, centro de atendimento e tratamento de alcoolismo, clínica feminina, unidade de coleta e transfusão de sangue, laboratórios e um centro de reabilitação e prevenção de deficiências. Além do hospital, Irmã Dulce também criou o Centro Educacional Santo Antônio (CESA), instalado em Simões Filho, que abriga mais de trezentas crianças de 3 a 17 anos. No Centro, os jovens têm acesso a cursos profissionalizantes. Irmã Dulce fundou também o “Círculo Operário da Bahia”, que, além de escola de ofícios, proporcionava atividades culturais e recreativas.

Durante mais de cinquenta anos teve problemas respiratórios. Em 11 de novembro de 1990, Irmã Dulce foi internada no Hospital Português da Bahia, depois transferida à UTI do Hospital Aliança e finalmente ao Hospital Santo Antônio. Em 20 de outubro de 1991, recebe no convento, em seu leito de morte, a segunda visita do Papa João Paulo II ao Brasil para receber a bênção e a extrema unção.

O “anjo bom da Bahia” morreu em seu quarto, de causas naturais, aos setenta e sete anos, às 16h45 do dia 13 de março de 1992, ao lado de pessoas queridas por ela, como as irmãs do convento. Seu corpo foi sepultado no alto do Santo Cristo, na Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia e depois transferido para a Capela do Hospital Santo Antônio, centro das Obras Sociais Irmã Dulce.

Beatificação e Canonização

Irmã Dulce foi declarada venerável pela Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano em 21 de janeiro de 2009, deixando-a mais próxima da beatificação. Em 3 de abril do mesmo ano, o Papa Bento XVI aprovou o decreto de reconhecimento de suas virtudes heroicas. Em 9 de junho de 2010, o corpo de Irmã Dulce foi exumado, velado e sepultado novamente, como último estágio do processo de beatificação. Em 27 de outubro do mesmo ano, o cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo anunciou a beatificação da religiosa, em uma coletiva de imprensa realizada na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, tornando-a a primeira bem-aventurada da Bahia. O anúncio foi sucedido pelo decreto em 10 de dezembro de 2010 e aconteceu após o reconhecimento de um milagre pela intercessão da religiosa na recuperação de uma mulher sergipana, que havia sido desenganada pelos médicos após sofrer uma hemorragia durante o parto.

No dia 22 de maio de 2011, Irmã Dulce foi beatificada em Salvador, e passou a ser reconhecida como “Bem-Aventurada Dulce dos Pobres”. A Solene Eucaristia de Beatificação foi presidida pelo enviado especial do Papa Bento XVI, Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de Salvador. Nessa mesma solenidade foi declarado o dia 13 de agosto como a data de sua festa litúrgica, que é comemorada em Salvador, e em pelo menos 28 igrejas e capelas de outros estados. Nesse dia, em 1933, a religiosa fez sua profissão de fé e votos perpétuos, tornando-se freira. A data também é comemorada pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, mas sua festa litúrgica é celebrada em 13 de março.

Irmã Dulce foi considerada venerável — uma das etapas que antecedem a canonização — em 2009. Dois anos depois, foi beatificada.

Para a canonização, são necessários que se comprovem milagres atribuídos ao “candidato” santo. No caso de Irmã Dulce, o primeiro deles foi a cura de Claudia Cristina dos Santos, que teve hemorragia após dar a luz ao filho, em 2001. Em estado gravíssimo, Claudia teria recebido a visita de um padre devoto de Dulce e se curou durante orações a ela. O ato divino foi reconhecido pelo Vaticano em 2010.

O segundo e derradeiro milagre que ratificou a canonização de Irmã Dulce foi a cura do músico José Maurício Moreira. Em 2014, ele voltou a enxergar depois de 14 anos, após pedir à Irmã Dulce que aliviasse as dores de uma conjuntivite. No dia seguinte, teria voltado a enxergar. Em maio de 2019, a cura milagrosa foi reconhecida e, assim, Dulce estava apta a ser canonizada, o que ocorreu em 13 de agosto de 2019.

Em 13 de maio de 2019, o Vaticano reconheceu um segundo milagre de Irmã Dulce, a cura de uma pessoa cega. Com isso, a beata poderia ser canonizada. Quase dois meses depois, em 1 de julho, a Santa Sé anunciou que a data de canonização seria 13 de outubro do mesmo ano, no Vaticano. O rito de canonização ocorreu na celebração da missa dominical de 13 de outubro de 2019 no Vaticano pelo Papa Francisco, e além de irmã Dulce, que recebeu o título canônico de Santa Dulce dos Pobres, outros quatro beatos de nacionalidades diferentes foram canonizados. Na homilia da celebração, Francisco exaltou que os cinco beatos foram canonizados por se dedicarem ao serviço dos mais pobres na vida religiosa, fazendo um “caminho de amor nas periferias existenciais do mundo”. Santa Dulce dos Pobres tornou-se a primeira mulher comprovadamente nascida no Brasil a ser canonizada, e a 37ª santa brasileira.

Logo depois da canonização, foi criado pelo bispo auxiliar de Salvador, dom Marco Eugênio Galrão, o primeiro santuário do mundo dedicado à santa, o Santuário Santa Dulce dos Pobres, cujo orago anterior era Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no bairro Roma, em Salvador. Simultaneamente também foi criada a primeira paróquia do mundo dedicada a Santa Dulce, a Paróquia de Santa Dulce dos Pobres, no bairro do Saboeiro, em Salvador. A criação da paróquia deu-se durante a celebração da missa, presidida pelo bispo auxiliar de Salvador, Dom Estevam dos Santos.

A santa tem diversos episódios destacados durante a vida. Além de perder a mãe muito jovem, em 1955, correu o risco de perder a irmã – que também se chamava Dulce – por complicações no parto. A religiosa, então, fez uma promessa: se a irmã sobrevivesse, ela passaria a dormir sentada. E assim o fez, dormindo em uma cadeira de madeira entre 1956 e 1985.

A futura santa só voltou a dormir em uma cama por conta de problemas de saúde. Dulcinha, a irmã da promessa, faleceu em 2006. Em 1988, Irmã Dulce ganhou o mundo ao ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz graças a seu trabalho com os pobres.

Santa Dulce dos Pobres foi a 37ª e última pessoa do Brasil ou com relações com o país a ser canonizada. Os primeiros a serem canonizados foram o paraguaio Roque González de Santa Cruz e os espanhóis Afonso Rodriguez e Juan de Castillos. Conhecidos como “mártires do Rio Grande do Sul”, o trio foi canonizado em 16 de maio de 1988, pelo papa João Paulo 2º.

Em 19 de maio de 2002, foi a vez de Santa Paulina. Em 11 de junho de 2007, o primeiro brasileiro nato se juntou ao “grupo” de santos: São Frei Galvão, nascido em Guaratinguetá, no interior de São Paulo.

A partir de 2014, a lista de santos brasileiros ganhou um acréscimo considerável. E, em outubro de 2007, 30 pessoas foram canonizadas de uma só vez. Tratam-se dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, grupo composto por 25 homens e cinco mulheres mortos no Rio Grande do Norte em 1645 a mando de holandeses. Por serem um grupo e nem todos os nomes serem conhecidos, o Vaticano considera Irmã Dulce a primeira santa de fato brasileira.

Em 13 de maio de 2019, o Vaticano reconheceu um segundo milagre de Irmã Dulce, a cura de uma pessoa cega. Com isso, a beata poderia ser canonizada. Em 1 de julho, a Santa Sé anunciou que a data de canonização seria 13 de outubro do mesmo ano, no Vaticano. O rito de canonização ocorreu em 13 de outubro de 2019 no Vaticano pelo Papa Francisco, e além de irmã Dulce, que recebeu o título canônico de Santa Dulce dos Pobres, outros quatro beatos de nacionalidades diferentes foram canonizados. Na homilia da celebração, Francisco exaltou que os cinco beatos foram canonizados por se dedicarem ao serviço dos mais pobres na vida religiosa, fazendo um “caminho de amor nas periferias existenciais do mundo”. Santa Dulce dos Pobres tornou-se a primeira mulher comprovadamente nascida no Brasil a ser canonizada, e a 37ª santa brasileira.

Logo depois da canonização, foi criado pelo bispo auxiliar de Salvador, dom Marco Eugênio Galrão, o primeiro santuário à santa, o Santuário Santa Dulce dos Pobres, no bairro Roma, em Salvador. Simultaneamente também foi criada a primeira paróquia do mundo dedicada a Santa Dulce, a Paróquia de Santa Dulce dos Pobres, no bairro do Saboeiro, em Salvador.

Oração à Santa Dulce dos Pobres

“Senhor nosso Deus,
lembrados de vossa filha,
a Santa Dulce dos Pobres,
cujo coração ardia de amor por
vós e pelos irmãos,
particularmente os pobres e
excluídos, nós vos pedimos:
dai-nos idêntico amor pelos
necessitados; renovai nossa fé e
nossa esperança e concedei-nos, a
exemplo desta vossa filha,
viver como irmãos,
buscando diariamente a santidade,
para sermos autênticos discípulos missionários
de vosso filho Jesus.”

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