El Salvador não devolverá Kilmar Ábrego García, cidadão de El Salvador, que o governo dos Estados Unidos deportou para o seu país de origem devido a um “erro administrativo”, segundo autoridades.
O presidente de El Salvador Nayib Bukele fez a afirmação durante uma reunião na segunda-feira (15) na Casa Branca com Donald Trump, com quem mantém um forte relacionamento.
A Suprema Corte dos EUA decidiu na semana passada que o governo Trump deve “facilitar” o retorno de Ábrego García, que morava em Maryland com sua família e recebeu proteção contra deportação de um tribunal em 2019.
O governo Trump argumenta que não pode trazê-lo de volta, e a Procuradora-Geral Pam Bondi disse que “cabe a El Salvador decidir se quer ou não devolvê-lo”.
Trump elogiou Bukele por uma nova parceria que permite aos EUA deportar pessoas que o país alega serem membros de gangues para o país centro-americano. Ábrego García, que segundo advogados e familiares não é membro de gangue, estava entre os 238 venezuelanos e 23 salvadorenhos que o governo Trump deportou para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) de El Salvador.
Durante a visita de segunda-feira, Trump também repetiu que queria deportar alguns cidadãos americanos que são criminosos violentos para prisões salvadorenhas, se seu governo determinasse que isso era legal.
“Sempre temos que obedecer às leis, mas também temos criminosos locais que empurram pessoas para dentro do metrô, que batem na nuca de idosas com um taco de beisebol quando elas não estão olhando, que são monstros absolutos”, disse Trump a repórteres.
“Gostaria de incluí-los no grupo de pessoas para tirá-los do país, mas vocês terão que analisar as leis sobre isso”, acrescentou o presidente dos EUA.
No domingo, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que outros 10 supostos membros de gangues foram enviados para lá, apesar dos questionamentos legais sobre aqueles que já foram deportados. Os EUA os consideram suspeitos de integrar as gangues MS-13 e Tren de Aragua, classificadas como “organizações terroristas estrangeiras” por Trump.
Trump disse a repórteres na semana passada que, se a Suprema Corte dissesse “tragam alguém de volta, eu faria isso”. Mas até agora o governo não deu nenhuma indicação de que está se esforçando para isso.
Ao contrário, o Departamento de Justiça citou os comentários de Bukele de que Ábrego García não seria devolvido aos EUA como uma atualização em seu último processo judicial.
Em resposta a uma decisão anterior da Suprema Corte dos EUA de que o governo deveria facilitar a libertação do Sr. Ábrego García, advogados escreveram no domingo que a questão era uma questão de política externa – e fora do controle dos tribunais.
A esposa de Ábrego García, Jennifer Vasquez Sura, cidadã americana, afirmou que “os governos Trump e Bukele continuam fazendo jogos políticos com a vida dele”.
“Meu coração está pesado, mas me apego à esperança e à força daqueles ao meu redor. Por nossos filhos, nossa família e todos os imigrantes que lutam por seus entes queridos, Kilmar, não deixaremos de lutar por você”, disse ela em um comunicado.
O governo americano admitiu que Ábrego García foi deportado por um “erro administrativo”, embora também afirme que ele é membro da gangue MS-13.
Fonte: BBC
