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A corrida para uma vida saudável: pela saúde ou apenas modismo?

Com a popularização das academias, maiores investimentos na musculação e rotinas “fitness”, surge a dúvida se estamos correndo atrás de saúde ou status nas mídias digitais. Seria essa a trend que veio para deixar a população mais saudável?

EDUARDA GENERATO

ByEDUARDA GENERATO

Set 8, 2025

As academias deixaram de ser apenas um espaço para atletas e se transformaram em rotina de milhões de brasileiros. O investimento na rotina fitness aumentou, as refeições saudáveis se tornaram mais corriqueiras e as corridas matinais (e noturnas) ganharam dezenas de posts nas redes sociais. De repente, parte da população está preocupada em manter esse estilo de vida. Afinal, essa transformação de hábitos é realmente pela preocupação com nossa saúde futura ou pela ânsia social de acompanhar as tendências?

O Boom da Vida Fitness

Nos últimos anos, a busca por uma vida saudável deixou de ser uma escolha de poucos para se tornar uma verdadeira febre nacional. As redes sociais amplificam uma rotina onde treinos, marmitas e corpos definidos são celebrados como sinônimo de sucesso.

O mercado de academias de saúde e centros de treinamento tem experimentado um crescimento expressivo no Brasil, sendo um dos setores mais promissores da economia. Apenas na cidade de Curitiba, no Paraná, a quantidade de academias cresceu quase 50% na última década.

O empresário, investidor e mentor no mercado fitness, André Lago Soares, defende que o período de pausa da pandemia do COVID foi um fator que despertou a consciência das pessoas em dar atenção à qualidade de vida e cuidado da saúde. “A grande massa tá entre 30 e 50 anos, o pessoal mais velho também está se movimentando. É a era do wellness né?”

Treinar para viver ou viver para treinar?

A musculação era comum apenas para alguns, que faziam com o propósito de ficarem fortes e musculosos. Já nos dias atuais, o propósito se resume, muitas vezes, em aumentar a autoestima, deixar de ser uma pessoa mimizenta ou até ser aquela pessoa que suporta pressão.

O doutor Claudio Ambrosio, endocrinologista e alergista, afirma: “Não é uma coisa transitória, é uma tendência” e completa dizendo que, nesse caso, muitos de seus pacientes são adultos e suas preocupações estão não apenas na estética, mas sim na saúde futura.
Essa tendência virou rotina nas comunidades digitais. Influencers postam o tempo todo suas idas nas academias, suas corridas noturnas e suas marmitas super saudáveis. Impulsionados pelo medo de ficar de fora do modismo, muitos entraram para esse lifestyle fitness, a era do wellness.

Mas essa procura por academias e lifestyles mais saudáveis seria por saúde ou por estética? “Estética. Eles podem falar sobre saúde, mas na verdade as pessoas querem ser reconhecidas. Todo mundo tem aquele espaço ‘eu quero ser visto’, o mundo está frio por causa das telas”, defende André e diz que em seus projetos futuros pretende criar academias mais adaptáveis à sociedade, com espaços instagramáveis e acolhedores. “As pessoas estão carentes de relacionamento”.

Por outro lado, essa vida saudável se torna conflitante quando se trata de constância. De acordo com o site Wod Guru, 50% dos novos membros desistem nos primeiros seis meses e 12% das inscrições em academias são iniciadas em janeiro, o mês de pico.

Dados como esses deixam desconfiança: se realmente fosse pela saúde, a constância dessas novas matrículas seria mais perceptível. Sem dúvidas, os alunos que são mais frequentes ficam por mais tempo, pois começam a ter resultados, os deixando orgulhosos com o trabalho duro que fizeram até então.

O impacto para diferentes gerações

Quando se trata da geração Z, a mudança de hábitos e a maior frequência nas academias fez com que muitos jovens largassem os vapes e cigarros por horas de movimentação e suor. Ainda é um fenômeno raro e quase imperceptível na sociedade, mas muitos jovens já deixaram de ir em baladas ou bares porque iam correr seis horas da manhã no dia seguinte.

Adultos e senhores também recebem impactos positivos quando se trata de hábitos saudáveis. Além de melhorar o condicionamento físico e fortalecer os músculos, exercícios que parecem simples se tornam indispensáveis para a saúde mental de gerações mais velhas.

“O mundo que está vindo, o mundo desafiador, exige uma estrutura emocional. E treinar ajuda nisso”, debate o empresário, “Quanto mais ativo você é, menos problema de saúde você tem. Larga até remédio psicológico”. André Soares acredita que essa onda fitness e a geração do wellness veio para ficar e ainda multiplicar.

O que sobra depois da selfie? A busca por saúde que ultrapassa a estética

A estética do corpo perfeito, os treinos compartilhados em aplicativos (como Gym Rats e Strava) e a rotina saudável exibida nas redes sociais escancaram um fenômeno que vai além da vaidade: a vida fitness se tornou parte da consciência coletiva. Ainda que muitos entrem na academia impulsionados por padrões visuais ou pela popularidade nas redes, é inegável que essa tendência tem despertado um interesse mais amplo por saúde, disciplina e qualidade de vida.

Desse modo – independente se for estética ou pelo futuro da saúde própria – essa febre é benigna e deve ser cada vez mais presente na rotina das pessoas, de todas as faixas etárias.
O que começa como modismo pode, aos poucos, se consolidar como hábito — e é justamente aí que mora a reflexão. O movimento fitness não precisa ser puramente estético ou superficial. Ele pode — e deve — abrir caminho para o autocuidado de forma mais profunda, acessível e duradoura. No final, a pergunta que fica não é apenas “por que as pessoas estão entrando nesse estilo de vida?”, mas sim “o que elas estão realmente levando dele para si?”

EDUARDA DE NADAI GENERATO
Journalist

EDUARDA GENERATO

By EDUARDA GENERATO

Eduarda De Nadai Generato é estudante de Jornalismo na Faculdade Casper Líbero, no Brasil.

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