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Comer apenas uma porção de peixe de água doce por ano pode ter o mesmo efeito que beber água altamente poluída com o que se chama de químicos “eternos” por um mês inteiro, segundo um novo estudo.

A quantidade mensal equivalente de água estaria contaminada em níveis 2.400 vezes maiores do que o recomendado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), de acordo com o estudo, publicado na terça-feira (17) na Environmental Research.

A pesquisa acrescentou que os peixes de água doce capturados localmente estão poluídos com substâncias polifluoradas (PFAS) – produtos químicos “permanentes” ou “eternos” que assim são chamados por sua capacidade de permanência no corpo e no meio ambiente.

Os PFAS são componentes-chave na espuma de combate a incêndios de combustível de aviação, na descarga industrial e em muitos produtos domésticos, incluindo certos tipos de embalagens de alimentos. Durante décadas, eles se infiltraram no abastecimento de água potável, ao mesmo tempo em que contaminaram plantações irrigadas e peixes que habitam os cursos d’água locais.

Os pesquisadores identificaram pela primeira vez essa contaminação em bagres que habitavam o rio Tennessee em 1979.

Mas o estudo publicado nessa terça-feira é o primeiro a conectar o consumo de peixe nos EUA aos níveis sanguíneos de PFAS, ao mesmo tempo em que compara os níveis de PFAS em peixes de água doce com os de amostras comerciais de frutos do mar, explicam os autores.

Os pesquisadores avaliaram a presença de diferentes tipos de PFAS em 501 amostras de filé de peixe, coletadas nos EUA de 2013 a 2015.

O nível médio de PFAS total em peixes de rios e riachos foi de 9.500 nanogramas por quilo, enquanto a média nos Grandes Lagos foi de 11.800 nanogramas por quilo, de acordo com o estudo. Esses níveis indicam que o consumo desse tipo de peixe “é potencialmente uma fonte significativa de exposição” ao PFAS, determinaram os autores.

Embora as amostras incluíssem muitos tipos de produtos químicos permanentes – dos quais existem milhares – o maior contribuinte para os níveis totais de PFAS foi o composto conhecido como PFOS, responsável por cerca de 74% do total, descobriram os pesquisadores.

O PFOS é tão potente que ingerir apenas uma porção de peixe de água doce seria equivalente a beber um mês de água contaminada com PFOS em níveis de 48 partes por trilhão, de acordo com o estudo.

Peixes criados em cativeiros podem estar menos contaminados porque são cultivados em ambientes controlados de aquicultura. E a pesca oceânica em grande escala geralmente ocorre mais longe da costa, onde a poluição do PFAS é mais diluída.

A contaminação dessa fonte de alimento “ameaça particularmente aqueles que não podem comprar frutos do mar comercialmente”, enfatizaram os autores do estudo.

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