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A minha convidada de hoje é a legítima goiana Brunna Viana, que atualmente reside em São Paulo e atua no mercado financeiro, no coração da península da famosa Avenida Faria Lima. De origem humilde e classe média baixa, Brunna reforça que nada foi fácil “Aprendi desde cedo que disciplina, coragem e persistência seriam meus maiores ativos para transformar minha realidade. Meu irmão Eberth Viana, minha mãe Neuma Viana e meu padrasto Ezio Carneiro são meus verdadeiros orgulho e porto seguro, parte essencial de quem eu sou.”

Formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Financial Markets pela Yale University, Brunna soma à prática de mais de 15 anos no mercado financeiro, sua visão estratégica lhe deu ferramentas assertivas para conectar o agronegócio e o mercado de capitais de forma inovadora.

Aryane Garcia – Durante a sua adolescência, em algum momento você imaginou estar na posição que se encontra hoje?

BRUNNA – Eu sempre fui ambiciosa, nunca me limitei ao óbvio e sempre acreditei no impossível. Sacrifiquei muito da minha vida pessoal em nome da minha carreira, e hoje posso dizer com convicção que eu estou onde sempre quis estar.

AG – Ainda na sua infância, você era influenciado por quais artistas que hoje perderam a referência com a revolução digital e advento da internet?

BRUNNA – Balão Mágico com a Simony, Sandy & Junior e Rouge (Spice Girls brasileiras).

AG – Após anos de aprendizado, tornar-se uma profissional reconhecida na sua área lhe traz facilidades laborais para opinar em outras áreas/empresas do segmento?

BRUNNA – Ainda tenho muito a aprender — e é justamente isso que me dá força para seguir em frente. Com o passar do tempo, percebi que a experiência não nos entrega apenas segurança técnica, mas também a capacidade de transitar entre diferentes áreas. Estar próxima de tantos empresários e empresas do agro e do mercado financeiro me proporcionou uma visão ampla de negócios, que ultrapassa os limites da minha própria especialidade. Isso me permite contribuir de forma estratégica em outras frentes, enxergando conexões, oportunidades e riscos que muitas vezes não são visíveis para quem olha apenas de dentro de um único setor. É a soma da vivência prática com a capacidade de integrar diferentes mundos.

AG – Entre os seus hábitos produtivos durante a semana, existem preceitos adaptados por você que foram inseridos na sua rotina e que hoje você os aconselha para seus demais colaboradores e colegas mais jovens de trabalho?

BRUNNA – Além do exercício físico, que considero essencial para manter energia e clareza mental, adaptei para minha rotina um hábito que carrego como um dos mais importantes: o networking genuíno.

Acredito muito na força das conexões, mas não naquele networking forçado, e sim no relacionamento verdadeiro, em ajudar no que for possível e aproximar pessoas que possam gerar negócios e prosperidade em conjunto.

Costumo dizer que meu maior prazer é ver meus clientes, as pessoas ao redor crescendo e poder ser um elo nessa construção é algo que levo como prática diária e que sempre incentivo os mais jovens a cultivarem também.

AG – Qual o seu panorama sobre a situação econômica do Brasil nos últimos 20, 10 e 5 anos?

BRUNNA – Nos últimos 20 anos, o Brasil teve um período de crescimento relevante, mas a última década foi praticamente perdida, com PIB estagnado e deterioração fiscal. Persistimos em um ambiente de insegurança jurídica e excesso de custos trabalhistas, que afastam investimentos. Ainda assim, o agronegócio se consolidou como motor da economia, carregando o país e mostrando que, mesmo em cenários adversos, o Brasil continua sendo uma terra de oportunidades

AG – Das mais diversas dificuldades e oportunidades que você encontrou no decorrer da sua carreira, fazer parte do agronegócio, o setor mais lucrativo no Brasil, lhe ajuda a entender a situação social do país? Quais são seus planos para colaborar com a inclusão dos jovens e mais mulheres no setor?

BRUNNA – Sou apaixonada pelo agro e meu papel é conectar o campo à Faria Lima, traduzindo o mercado financeiro para dentro da porteira. Quero ampliar a inclusão de jovens e mulheres no setor, porque acredito que diversidade é sinônimo de inovação e de futuro para o Brasil.

AG – A sua participação diária e ativa com as estatísticas econômicas do Agro lhe entregam uma variedade de oportunidades de crescimento. Na sua opinião, como o Agronegócio permanecerá em alta nos próximos anos – de acordo com o seu ramo de atuação?

BRUNNA – O agronegócio movimenta o Brasil e alimenta o mundo. Meu papel é conectar esse setor à Faria Lima, garantindo que o mercado financeiro seja parceiro estratégico no seu crescimento.

AG – De acordo com a sua experiência, em níveis globais, o Agro enfrenta desafios para comunicar com o mundo a sua importância no impacto de toda a cadeia produtiva?

BRUNNA – O Brasil tem capacidade de alimentar o mundo com inovação e sustentabilidade. Nosso desafio é comunicar isso de forma clara e construtiva, desmistificando o agro brasileiro no cenário global.

AG – Como convencer a sociedade de que o Agro não é o principal responsável pelo aquecimento global? Qual a notícia ou manchete que deve ser desmentida por ter prejudicado falsamente o setor?

BRUNNA – O debate sobre mudanças climáticas traz enormes desafios para o agronegócio. Ao mesmo tempo em que a agropecuária é afetada pelos efeitos do clima, o setor busca caminhos para produzir mais com sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

É importante desconstruir a narrativa de que o agro é o vilão do aquecimento global; pelo contrário, o Brasil já é reconhecido mundialmente pelo seu protagonismo em soluções sustentáveis, como o mercado de carbono, que pode reduzir emissões de gases de efeito estufa e gerar novas oportunidades de negócios.

As manchetes que reportam que ‘o agronegócio é o principal responsável pelo aquecimento global’ precisam ser refutadas. Essa visão simplista ignora dados, avanços tecnológicos e práticas já incorporadas pelo setor, como integração lavoura-pecuária-floresta, uso de bioinsumos e recuperação de pastagens. O agronegócio não é parte do problema, é parte essencial da solução.

AG – A popularidade dos produtores rurais está em risco e quais seriam os motivos para a demonização da composição ruralista?

BRUNNA – O produtor rural deve ser visto como herói, e não como vilão. Não há espaço para demonização em um setor que movimenta o PIB, garante empregos e coloca comida na mesa das famílias brasileiras.

Infelizmente, muitas vezes a narrativa política ou midiática distorce a realidade e cria uma imagem negativa do ruralista, sem reconhecer sua relevância para o país. É preciso que governantes e sociedade olhem com mais cautela e respeito para o produtor, entendendo que é dele que vem o sustento do Brasil e a força que nos projeta no mundo.

AG – Quais os maiores nomes do agronegócio brasileiro que influenciaram a sua vida e quais os principais no mundo que lhe fizeram mudar a visão e dinâmica para desbravar o percurso?

BRUNNA – No Brasil, tive a honra de ser influenciada por grandes nomes do agronegócio.
Um deles foi Gerhard Bohne (in memoriam), com quem trabalhei na Bayer CropScience. Ele foi um ser humano extraordinário, de profundo conhecimento e que deixou um legado importante para o setor. Outro nome importante é o Edison Ticle (Edinho), CFO da Minerva Foods, é um dos executivos mais brilhantes do agro. Sua visão estratégica e capacidade de transformar negócios são inspiradoras e me motivam a buscar sempre mais profissionalismo e visão de futuro.

Além deles, considero como influenciadores todos os meus clientes e parceiros do agro, que em suas diferentes fases me ensinam diariamente a enxergar a força e a diversidade do setor.

No cenário internacional, vejo líderes e produtores que transformaram não apenas o modo de produzir, mas também de comunicar o agro para o mundo. São exemplos que me inspiram a desbravar meu próprio caminho, conectando o Brasil às tendências globais com responsabilidade e inovação.

AG – O fio condutor do sucesso do agronegócio é a economia; você acha possível que o Brasil diminua o poder de compra e passe por uma recessão econômica? Como o Brasil poderá se blindar de uma crise alimentar?

BRUNNA – Sim, o Brasil pode enfrentar recessão no agro se faltar previsibilidade e incentivo. Para evitar isso e se blindar de uma crise alimentar, precisamos atuar em frentes essenciais:

  1. Política agrícola estável – crédito rural competitivo, seguro robusto e segurança jurídica.
  2. Eficiência produtiva – ILPF, agricultura de precisão e adaptação às mudanças climáticas.
  3. Infraestrutura – logística eficiente, armazenagem próxima à produção e energia confiável.
  4. Diversificação – apoio ao pequeno produtor, cooperativas e industrialização local.
  5. Inserção internacional – acordos comerciais, rastreabilidade e certificações.
  6. Rede social – programas de transferência de renda, compras públicas e resposta a emergências.

Sem previsibilidade não há produção. Com crédito, logística e segurança jurídica, o Brasil garante comida acessível e liderança global em segurança alimentar.

AG – Se você pudesse criar algumas regras sociais que favoreçam a dinâmica produtiva do Agronegócio e do povo brasileiro, quais seriam as suas propostas de lei?

BRUNNA – Criaria incentivos fiscais e crédito estruturado para o agronegócio, sempre atrelados à inovação e sustentabilidade. Também priorizaria investimentos em logística e energia, bases para produtividade. Nada no setor funciona por diletantismo — precisamos de políticas sérias e de longo prazo

AG – Das mais variadas atitudes que aceleram o crescimento do Brasil, qual a maior contribuição que essa geração poderá entregar que irá impactar os próximos 30 anos?

BRUNNA – Sem dúvida, a maior contribuição que esta geração pode deixar é a capacidade de agir em conjunto, com empatia e responsabilidade coletiva. Pensar no próximo não é mais uma escolha, é questão de sobrevivência. Estamos todos no mesmo barco e precisamos agir hoje pensando no futuro dos nossos filhos, netos e no mundo que queremos deixar para eles.

AG – Se você pudesse escolher uma cidade brasileira para viver até o último dia de sua vida, qual seria e por quê?

BRUNNA – Meu coração está dividido entre Goiânia e São Paulo. Goiânia é onde encontro minhas raízes, minha história e minha essência. São Paulo é minha carreira, intensidade e transformação. Se pudesse escolher, escolheria os dois — porque, na verdade, eles são complementares e juntos traduzem a Brunna Viana.

ARYANE GARCIA
Jornalista

ARYANE GARCIA

By ARYANE GARCIA

Aryane Garcia, jornalista brasileira e fundadora da Agrotalk Meeting, uma das plataformas mais inovadoras do agronegócio no Brasil. Aryane construiu uma carreira sólida como comunicadora em veículos de imprensa como SBT Interior e Band Paulista, além de passagens internacionais por Chicago e Nova York. É especialista em estratégias de marketing em economias emergentes pela HarvardX e proprietária da AGX Estratégias de Comunicação, com centenas de eventos realizados desde 2007. Ela também ocupa o cargo de vice-presidente do Núcleo Jovem Jornalista na Associação Paulista de Imprensa e é membro da Associação Brasileira de Imprensa Internacional, com sede em Miami. Aryane aplica suas expertises para reposicionar o agro como um setor estratégico, moderno e conectado com os desafios do mundo contemporâneo.

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