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Tenho certeza absoluta que Bram Stoker, quando lançou seu livro Drácula, jamais imaginou que após mais de 120 anos depois, ele ainda estaria encantando, ou aterrorizando, gerações de leitores aficionados pela literatura de horror clássico ou gótico. Drácula teceu a forma e deu fama ao mais terrível, e muitas vezes também desejado, vilão de todos os tempos, começando pela literatura e se estendendo para todo tipo de mídia existente e a cada uma que é criada para o entretenimento. Mesmo não tendo sido o primeiro livro escrito sobre vampiros, Stoker, após muita pesquisa sobre lendas e principalmente sobre o Voivoda da Valáquia, Vad III, mais conhecido como Vlad, o empalador, definiu, com sua visão de um ser imortal que vive do sangue de seres vivos para se manter “vivo” durante séculos, toda uma geração de literatura gótica e fantástica que dura até os dias de hoje.

Mas apesar de todo seu brilhantismo, Drácula de Bram Stoker, só viu a luz do sucesso no começo do século XX com o advento do cinema no mundo. Incrivelmente, esse livro não rendeu praticamente nada, em termos financeiros, para Bram Stoker, que no final de sua vida estava tão pobre que após sua morte, sua viúva teve que vender todas suas notas e rascunhos sobre o livro em um leilão da Sotheby’s por literalmente uma miséria. Drácula começou a fazer fama quando sua viúva processou os realizadores do filme Nosferatu, alegando similaridades com o romance de seu falecido esposo. Porém, quando a fama chegou, foi para ficar.

Stoker nos leva a uma longa caminhada em busca da destruição de uma mal que poderia se tornar pandêmico em uma Inglaterra do século XVIII, não fosse a atuação de um grupo de amigos que, após uma terrível e dolorosa perda, descobrem os planos nefastos de um conde vindo da Transilvânia.

O sobrenatural é magistralmente mostrado em praticamente todas as aparições do grande vilão após sua chegada, que diga-se de passagem foi igualmente dramática e terrível, em Londres. Suas garras invisíveis são sentidas até mesmo à longas distâncias quando esse ser abjeto deseja e geralmente, quando isso ocorre, a tragédia também se apresenta prontamente.

Todo o romance é ditado por cartas ou diários dos personagens da trama, o que era muito comum naquela época. Mas esse formato em nada diminui ou estraga a narrativa desse fantástico romance.

Apesar de ser um livro de terror, Stoker, apresenta uma escrita romântica em muitos momentos da história, principalmente quando se trata de demonstrar o amor entre os “mocinhos” da caçada ao vilão. É nesse sentido que podemos ver como a sociedade se relacionava naquela época. O amor entre os amigos era algo quase irreal nos dias de hoje. As pessoas eram criadas para honrar seus nomes, seus amigos e amigas, companheiros e companheiras e isso é demonstrado constantemente durante toda a trama de Drácula.

Mas o grande brilhantismo de Bram Stoker, meu queridos leitores, é apresentar um romance gótico que delineou gerações da literatura mundial, ter moldado um monstro clássico, que ainda nos dias de hoje é remodelado e reutilizado à exaustão, sem praticamente tê-lo utilizado diretamente em toda a trama de Drácula, isso é realmente um toque de gênio absoluto. Leiam e me digam se não o é, por favor.

Nunca vou me cansar de ler esse grande clássico da literatura gótica, por isso digo que Drácula de Bram Stoker, de forma alguma é imperdível é mesmo obrigatório.

Sobre o Autor: Bram Stoker (08/11/ 1847 – 20/04/1912) foi um escritor irlandês conhecido por ter escrito o clássico do terror ‘Drácula’, sua obra criou o mito literário do vampiro de hoje. Escreveu seu primeiro aos 16 anos. Tornou-se administrar do Royal Lyceum Theatre em Londres, trabalho que dividia com as histórias que escrevia, em geral com vampiros.

Jeffa Koontz
Crítico Literário
www.sagaliteraria.com.br

JEFFA KOONTZ

By JEFFA KOONTZ

Aprendiz da vida, leitor compulsivo, cinéfilo, "sériefilo", colecionador, músico, resenhista e crítico literário.

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