O Kremlin e a Casa Branca confirmaram que os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump se encontrarão individualmente no Alasca na sexta-feira, antes de ampliarem as conversas para suas delegações. A cúpula começa às 15h30, segundo o Kremlin, seguida de uma coletiva de imprensa conjunta. A Ucrânia dominará a agenda, juntamente com o comércio e a cooperação entre EUA e Rússia.
Em entrevista à Fox News Radio na quinta-feira (14), Trump descreveu as conversas como “um jogo de xadrez”, como uma preparação para uma possível reunião subsequente entre Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy para “fechar um acordo”.
“Haverá concessões quanto a fronteiras, terras, etc.”, disse Trump. “Esta reunião prepara o segundo encontro, mas há 25% de chance de que este encontro não seja um sucesso”, disse ele.
Trump disse que a visita de Putin aos EUA sinaliza seu interesse em encerrar a guerra na Ucrânia e creditou a isso a afinidade pessoal entre os dois. Embora duvidasse de um cessar-fogo imediato, Trump disse que espera um “por vir” e sugeriu o Alasca como um possível local para uma segunda cúpula – embora tenha recuado quando pressionado a dizer se havia pedido a Zelensky que se preparasse para se juntar a eles. “Não quero falar sobre um segundo encontro, nem mesmo com ele. Não quero nem mesmo indicar que possa haver um segundo encontro”, disse ele.
Mais cedo, em Moscou, o presidente Putin reuniu seus principais assessores e agradeceu ao governo Trump por seus “esforços sinceros” para mediar a paz, chegando a levantar a possibilidade de um novo acordo de controle de armas.
Até o momento, Putin manteve-se em silêncio sobre o encontro com Trump, mesmo com os russos especulando sobre os acordos que poderiam ser oferecidos.
Em um mirante panorâmico próximo ao rio, nos arredores do Kremlin, russos entrevistados pela NPR disseram que esperavam pelo fim da guerra – mesmo que discordassem sobre como chegar lá.
Vladimir, um ex-marinheiro da Marinha de São Petersburgo, culpa a expansão da OTAN pelo conflito, comparando-o à Crise dos Mísseis de Cuba.
Galina Shalaikina, de Novosibirsk, na Sibéria, espera que a cúpula ponha fim aos combates — mas somente depois que a Rússia atingir seus objetivos militares. Ela também disse não ver motivo para a inclusão do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na cúpula.
“Os líderes de dois grandes países estão se reunindo”, diz Shalaikina. “Por que um país pequeno e pobre como a Ucrânia deveria dominar as discussões?”
Alexander, um oponente da guerra que se recusou a revelar seu sobrenome por medo de pressão governamental, disse ter “nenhuma esperança” de que Trump conseguisse convencer Putin a interromper a guerra.
“Veremos algumas negociações políticas que podem ser boas para os líderes”, explica ele, “mas não para as pessoas comuns”.
Putin disse que quer a paz — mas apenas nos termos de Moscou. Esses termos incluem o fim das ambições da Ucrânia na OTAN, a desmilitarização e a concessão de terras reivindicadas pela Rússia. Até agora, ele rejeitou os apelos de Trump por um cessar-fogo, parecendo confiante de que o campo de batalha lhe dará mais influência do que a mesa de negociações.
Sergei Markov, ex-porta-voz de Putin, argumenta que Trump ainda pode ajudar a fechar um acordo — mas alerta contra a superestimação do avanço. Ele viu muitos presidentes americanos fracassarem repetidamente em desviar Putin do que Markov diz ser uma defesa justa dos interesses russos.
“Todos os presidentes americanos tentam consertar as relações com a Rússia — e todos acabam com relações ruins.” Isso também pode acontecer com Donald Trump, alerta Markov.
A mensagem de Moscou: mesmo para um presidente americano que quebra as normas e busca a paz, existem tradições geopolíticas difíceis de quebrar.
Fonte: npr.org por Harles Maynes
