O Senado mexicano aprovou, na noite de quarta-feira (10), a elevação das tarifas de importação para produtos de Brasil, China e outros países sem acordo comercial com o México. A decisão foi tomada após intensa discussão parlamentar e integra um pacote de ajustes defendido pela presidente Claudia Sheinbaum.
A proposta já havia sido aprovada na véspera pela Câmara dos Deputados e agora aguarda apenas a publicação oficial para entrar em vigor em 1º de janeiro de 2026. O texto passou no Senado por 76 votos a favor, 5 contrários e 35 abstenções, em sessão que se estendeu até a noite.
A lista de países afetados inclui, além de Brasil e China, África do Sul, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia, Indonésia, Nicarágua, Tailândia, Taiwan e Vietnã. As novas tarifas alcançarão 1.463 classificações tarifárias em 17 setores industriais, como automotivo, têxtil, vestuário, siderurgia, eletrodomésticos, móveis, calçados e plásticos — com maior impacto sobre as exportações chinesas. Em 316 desses itens, atualmente não há cobrança de imposto.
A proposta original previa sobretaxas de até 50%, mas a maioria foi ajustada para patamares próximos de 20% a 35%. Em alguns setores, porém, o valor máximo foi mantido — como no caso dos automóveis. A alíquota de 50% busca atingir especialmente montadoras chinesas, que responderam por 20% das vendas de carros no México em novembro, segundo dados da Associação Mexicana de Distribuidores Automotivos. O país também se tornou o maior comprador global de veículos fabricados na China no primeiro semestre deste ano, conforme a consultoria Automobility, de Xangai.
A reação chinesa veio imediatamente após a aprovação no Senado. O Ministério do Comércio declarou que a medida acarreta “prejuízos substanciais” e lamentou a decisão unilateral do governo mexicano. A pasta afirmou ainda ter solicitado que o México “corrija suas práticas errôneas de unilateralismo e protecionismo o mais rápido possível”.
Entre os parlamentares que se abstiveram da votação, o argumento central foi de que o projeto teria sido elaborado às pressas e sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Já os defensores da reforma ressaltaram que o objetivo é proteger a indústria local, preservar empregos e consolidar as cadeias produtivas internas.
Segundo a emissora N+, os produtos impactados somam US$ 52 bilhões — cerca de 8,6% de todas as importações mexicanas. O governo estima que a decisão ajudará a preservar 320 mil empregos no país. O Ministério das Finanças projetou ainda um incremento de US$ 2,5 bilhões na arrecadação no próximo ano.
Fonte: brasil247.com
