Foi através de uma publicação na rede social Facebook, que o Instituto da Terra, organização não-governamenta,l fundada por Sebastião Salgado e sua esposa Lélia Wanick, que o anúncio foi feito:
“Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador”.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, lê-se no post.
Na hora da despedida, o Instituto da Terra deixa ao fundador a promessa de honrar o seu legado, “cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar. (…) Hoje e até sempre”.
O fotógrafo, que morava em Paris, na França, deixa dois filhos, Juliano e Rodrigo, e dois netos, Flávio e Nara. Segundo relato de um amigo próximo à Folha de S. Paulo, ele enfrentava complicações de saúde decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990.
O fotógrafo de dupla nacionalidade francesa e brasileira tinha 81 anos. A Academia de Belas Artes francesa também já lamentou a perda “do colega Sebastião Salgado” e partilha imagens únicas captadas pelo fotógrafo.
Em 1993 expôs em Portugal, na inauguração do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, onde mostrou cerca de 250 imagens.
Foi fotógrafo das agências de fotografia Sygma, Gamma, e Magnum, e com a mulher fundou a Amazonas Images e o Instituto Terra para a reflorestação da Mata Atlântica brasileira.
Ao longo de sua carreira, Salgado foi reconhecido por seu olhar humanista e por documentar com profundidade temas sociais, ambientais e humanitários em diferentes partes do mundo. Seus trabalhos incluem séries como Trabalhadores, Êxodos e Gênesis, que marcaram gerações e influenciaram o fotojornalismo global.
Conhecido pelo seu trabalho documental e por fotografar em preto e branco, Sebastião Salgado foi laureado com os principais prémios de fotografia do mundo e morreu no dia em que é inaugurada a exposição “Venham Mais Cinco – O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa (1974–1975)”, em Almada, que inclui fotos suas tiradas durante a revolução.
A morte de Salgado representa uma grande perda para a arte, o jornalismo e a causa ambiental, à qual ele se dedicou nos últimos anos por meio do Instituto Terra.
Biografia
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu em 1944, na cidade de Aimorés, em Minas Gerais. Reconhecido mundialmente, o mineiro se tornou um mestre na arte de retratar, em preto e branco, a alma humana e os contrastes do planeta. Suas lentes eternizaram momentos históricos, rostos de gente simples, paisagens de rara beleza e também os impactos da destruição ambiental.
Fato curioso sobre Salgado é que ele não iniciou a carreira já como fotógrafo. Sua primeira opção profissional foi cursar Economia na Universidade do Espírito Santo, entre 1971 e 1973.
Além disso, ele trabalhou como secretário da Organização Internacional do Café, em Londres. Durante uma de suas viagens a Angola, na África, também coordenou um projeto sobre cultura do café. Aí então, ele começou a fotografar como hobby, e não profissionalmente.
Somente ao retornar da viagem, em 1973, quando tinha quase 30 anos, iniciou sua carreira como fotógrafo.
Desde então, Sebastião Salgado já percorreu mais de 120 países com sua câmera. Seus projetos fotográficos resultaram em inúmeras publicações na imprensa internacional e em livros de grande impacto. As exposições de seu trabalho, em constante itinerância, foram apresentadas nos mais diversos cantos do mundo.
Trabalhando exclusivamente com imagens em preto e branco, Salgado se destaca pela sensibilidade e profundo respeito aos seus retratados. Sua fotografia não apenas revela a dignidade inerente a cada ser humano, mas também denuncia com firmeza as injustiças provocadas por guerras, pobreza e exclusão social.
Reconhecido globalmente, Salgado é Embaixador da Boa Vontade do UNICEF. Recebeu, entre outras distinções, o Prêmio W. Eugene Smith Memorial Fund em 1982, tornou-se membro honorário da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos em 1992 e, no ano seguinte, recebeu a Medalha do Centenário e a Bolsa Honorária da Royal Photographic Society. Desde abril de 2016, integra a Academia de Belas-Artes de Paris, pertencente ao Institut de France.
