As crianças entre os quatro e os sete anos de idade veem mais de duas horas de televisão por dia. Para adquirir hábitos de leitura, é fundamental que pais e filhos leiam juntos.
“Não tenho talentos especiais”, dizia Albert Einstein, “mas sou profundamente curioso”. Se havia algo na vida que Einstein achava fundamental, era “nunca deixar de fazer perguntas”.
A curiosidade é algo de inato em nós, e a infância é a melhor altura para descobrir essa curiosidade, e para encorajar nas crianças o desejo e o entusiasmo por fazer coisas, contrariando a tendência para passarem o dia inteiro sentadas em frente de um ecrã.
Contudo, o gosto pela atividade tem de ser desenvolvido no seio da família. É necessário que os pais saibam que leituras podem partilhar com os filhos, e que atividades favorecem o seu crescimento, no contexto de um ambiente recetivo ao conhecimento e aberto ao mundo. É vital que as crianças sejam cidadãos responsáveis, e que tenham empatia para com todos os membros da sociedade em que vivem.
A leitura é, sem dúvida, um dos hábitos mais positivos, uma espécie de pedra angular da aprendizagem. A leitura é sobretudo divertida, pois transporta-nos para inúmeros tempos e lugares, apresenta-nos as personagens que nos ajudam a vivenciar experiências, alarga a nossa mente e os nossos horizontes, fomenta a empatia e ensina- -nos imensas coisas.
Sem nos apercebermos, a leitura ajuda-nos a adquirir conhecimentos e competências, que vão desde factos e dados a capacidades linguísticas e comunicativas. Além disso, “a leitura melhora a concentração, a criatividade, a curiosidade e a memória”, diz Mariola Lorente, licenciada em Filosofia e investigadora na Universidade de Padres. “É essencial que as crianças estejam em contacto com livros desde bebés”, afirma Lorente. “Ler em conjunto e diariamente é uma experiência enriquecedora, que não tem de acabar quando as crianças já conseguem ler sozinhas. Para além de fomentar o hábito da leitura, esse momento de partilha é um momento íntimo e especial, que gera laços maravilhosos entre pais e filhos”, diz esta especialista.
Em Espanha, apenas 35% dos pais se dedicam à leitura partilhada com os filhos, de acordo com dados da Asociación Española de Comprensión Lectora. O número é surpreendentemente baixo, dado que, segundo Rafael Villalón, coordenador do estudo, “dez minutos diários de leitura partilhada constituem apenas 1% do tempo de que os pais dispõem”.
É também aconselhável que “os pais visitem bibliotecas e livrarias com os filhos pelo menos uma vez por semana e, sobretudo, que lhes incutam o gosto pela leitura: os livros devem ser um presente e não uma obrigação”.
Contudo, o incentivo mais importante para que as crianças se familiarizem com a leitura é verem os pais a ler. É sabido que as crianças que têm uma biblioteca em casa irão sentir-se inevitavelmente mais perto dos livros, e terão assim um maior gosto pela leitura.
Fonte: Beatriz G. Portalatín