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“Habitue-se a ouvir a voz do seu coração. É através dele que Deus fala conosco e nos dá a força que necessitamos para seguirmos em frente, vencendo obstáculos que surgem na nossa estrada. Não se vai acabar com a pobreza; Deus institui pobres e ricos. Porém, a gente deve empregar todos os esforços possivéis para melhorar a situação. Miséria é falta de amor entre os homens.” – Irmã Dulce

Irmã Dulce

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes (1914-1992) nasceu em Salvador, Bahia, no dia 26 de maio de 1914. Filha de Augusto Lopes Pontes, dentista e professor da Universidade Federal da Bahia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes.

Desde criança, Irmã Dulce desejava seguir a vida religiosa e rezava muito, pedindo algum sinal que mostrasse se deveria ou não seguir esse caminho.

Ainda na adolescência, começou a desenvolver a sua missão de ajudar os mendigos, carentes e enfermos.

Formação Religiosa

Aos 13 anos foi recusada pelo convento de Santa Clara por ser muito jovem. Em 8 de fevereiro de 1932, formou-se professora primária e no ano seguinte entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão, Sergipe.

Em 1934, Irmã Dulce fez votos de fé, tornando-se freira e recebendo o nome de Irmã Dulce em homenagem à sua mãe. De volta a Salvador, já como freira, sua primeira missão foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação religiosa.

Realizações de Irmã Dulce

Em 1936, com 22 anos, Irmã Dulce fundou a União Operária São Francisco juntamente com frei Hildebrando Kruthaup. Deve-se também à Irmã Dulce a criação do Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e suas famílias.

Importante também foi a sua participação na criação de um albergue para doentes, localizado no convento de Santo Antônio. O espaço depois viria a se transformar no Hospital Santo Antônio.

Reconhecimento

Em 1980, durante a primeira visita do Papa João Paulo II no Brasil, Irmã Dulce foi convidada a subir no altar e recebeu do Papa um terço. Ela também ouviu as seguintes palavras: “Continue, Irmã Dulce, continue”.

Em 1988, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz pelo então Presidente do Brasil José Sarney, com o apoio da rainha da Suécia.

Em 2000 recebeu do Papa João Paulo II o título de “Serva de Deus”. Foram mais de 50 anos dedicados a dar assistência aos doentes, pobres e necessitados.

Morte

Irmã Dulce começou a apresentar problemas respiratórios e, apesar de ter uma saúde frágil, não interrompeu o seu trabalho. Já debilitada, foi internada no Hospital Português da Bahia, depois transferida para a UTI do Hospital Aliança e finalmente para o Hospital Santo Antônio.

No dia 20 de outubro de 1991, Irmã Dulce recebeu a visita do Papa João Paulo II para receber a benção e a extrema-unção.

Irmã Dulce faleceu em Salvador, no dia 13 de março de 1992. Seus restos mortais estão enterrados na Capela do Hospital Santo Antônio.

Beatificação

Em outubro de 2010, o Vaticano confirmou um milagre atribuído à religiosa baiana: a recuperação de uma mulher desenganada depois do parto.

A cerimônia de beatificação foi realizada na cidade de Salvador, no dia 22 de maio de 2011, presidida pelo Arcebispo Emérito de Salvador, Dom Geraldo Majella Agnelo, enviado do Papa Bento XVI.

Como foi também comprovado um segundo milagre, Irmã Dulce recebeu a decisão de ser canonizada.

Reconhecimento do Segundo Milagre

No dia 14 de maio de 2019, o Vaticano reconheceu o segundo milagre de Irmã Dulce, que será proclamada Santa, informou o Vaticano. O milagre ocorreu com uma pessoa cega que pediu ajuda à Irmã Dulce e acordou enxergando.

Canonização

O papa Francisco decidiu canonizar Irmã Dulce durante o Consistório Ordinário Público (reunião de cardeais). Durante o evento, realizado na Sala Clementina, no Vaticano, no dia 1 de julho de 2019, Papa Francisco optou por canonizar a religiosa brasileira após a comprovação dos dois milagres.

As Obras Sociais Irmã Dulce

As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) nasceram no dia 26 de maio de 1959, tendo como sua fundadora a Santa Dulce dos Pobres. A instituição é fruto da trajetória de amor e serviço e da persistência da religiosa que peregrinou durante mais de uma década em busca de um local para abrigar pobres e doentes recolhidos das ruas de Salvador. As raízes da OSID datam de 1949, quando a Irmã, sem ter para onde ir com 70 doentes, pediu autorização a sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio. O episódio fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro.

Atualmente, a entidade filantrópica abriga um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do país, com cerca de 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, na Bahia, à usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pessoas em situação de rua, usuários de substâncias psicoativas e crianças e adolescentes em situação de risco social. A organização conta com um perfil de serviços único no país, distribuídos em 21 núcleos que prestam assistência à população de baixa renda nas áreas de Saúde, Assistência Social, Pesquisa Científica, Ensino em Saúde, Educação e na preservação e difusão da história de sua fundadora.

Também conhecida como Complexo Roma, a sede das Obras em Salvador abriga, em seus 40 mil metros quadrados de área construída, 20 dos 21 núcleos da entidade, incluindo 954 leitos hospitalares para o atendimento de patologias clínicas e cirúrgicas. Desses núcleos, 19 apresentam atuação no campo da Saúde, a exemplo do Hospital Santo Antônio, Centro Geriátrico, Hospital da Criança, Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, Centro de Acolhimento à Pessoa com Deficiência e Centro Especializado em Reabilitação e do Centro de Acolhimento e Tratamento de Alcoolistas. Somente no Complexo Roma são contabilizados por ano cerca de 2,2 milhões de procedimentos ambulatoriais.

Ainda na sede das Obras Sociais, local que atende diariamente cerca de 2 mil pessoas, são realizadas por ano 12 mil cirurgias, além de 18 mil internamentos. Atualmente, mais de 4,3 mil profissionais trabalham na organização, sendo 2,8 mil funcionários somente no complexo da capital baiana, local onde atuam ainda 300 médicos e 300 voluntários.

A atenção integral, multidisciplinar e humanizada é uma das características do atendimento prestado pelas Obras Sociais Irmã Dulce. São ações que cobrem todo o espectro da assistência à saúde e que incluem atenção básica, 40 especialidades médicas, exames laboratoriais e de bioimagem, internação, cirurgias de alta complexidade e reabilitação.

Destaque também para o Centro de Pesquisa Clínica e o Centro de Ensino e Pesquisa Professor Adib Jatene, unidades dedicadas às áreas de Pesquisa e Ensino em Saúde. Como hospital escola, a OSID oferece ainda internato de Medicina e 19 programas em residências médicas, além da Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde do Idoso e Residência em Odontologia.

Também em Salvador está o 20º núcleo da OSID, o Memorial Irmã Dulce, uma exposição permanente sobre a vida e o legado da fundadora da instituição. Inaugurado em 1993, um ano após a morte da freira baiana, o núcleo está situado num prédio anexo ao Convento Santo Antônio, na sede das Obras. A visita ao memorial se estende ainda ao Santuário da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, situado também ao lado da sede da OSID e onde está localizado o túmulo do Anjo Bom da Bahia.

Já no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, funciona o 21º núcleo: o Centro Educacional Santo Antônio (CESA). A unidade atende, em parceria com as Secretarias de Educação do Estado e do Município, 787 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, oferecendo ensino em tempo integral do primeiro ao nono ano (Ensino Fundamental I e II), além de acesso à arte-educação, inclusão digital, atividades esportivas, assistência odontológica, alimentação, fardamento e material escolar gratuitos. O local conta ainda com uma unidade de sustentabilidade, o Centro de Panificação, responsável pela produção e comercialização de variados tipos de pães, panetones e outros produtos.

Além dos núcleos pertencentes à instituição, a OSID atua ainda na gestão de unidades externas de saúde, sendo responsável hoje pela administração de três complexos públicos, todos localizados na Bahia e vinculados ao Governo do Estado: Hospital do Oeste (Barreiras), Hospital Eurídice Sant’anna (Santa Rita de Cássia) e Hospital Regional Dr. Mário Dourado Sobrinho (Irecê). A entidade responde também pelo Centro de Convivência Irmã Dulce dos Pobres, localizado no Centro Histórico de Salvador, que tem como foco a assistência às pessoas em sofrimento psíquico e em vulnerabilidade social, incluindo usuários de substâncias psicoativas e pessoas em situação de rua, além do atendimento às famílias residentes no bairro e clientes referenciados pela rede SUS.

Para manter viva esta grande obra, a instituição conta com recursos do Sistema Único de Saúde e de convênios com organismos estatais, além de doações e venda de produtos. Fiel à missão herdada de Irmã Dulce, “Amar e Servir”, a organização ampliou seu alcance e se profissionalizou sem abrir mão de seus valores. Sua gestão é estruturada com base no Planejamento Estratégico e acumula prêmios e certificações como a ISO 9001:2015 (referência nacional para a certificação de sistemas de Gestão da Qualidade), Melhores ONG do Nordeste em 2018, Bem Eficiente, Top Social, Rainha Sofia e Rainha Letizia.

Fontes: 1) www.ebiografia.com, por Dilva Frazão, Bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e é professora do ensino fundamental. Desde 2008 trabalha na redação e revisão de conteúdos educativos para a web; 2) www.irmadulce.org.br

 

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