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A vitória apertada de Luiz Inácio Lula da Silva, com pouco mais de 60 milhões de votos, contra Jair Bolsonaro, que recebeu um pouco mais de 58 milhões de votos, mostra o quanto o povo brasileiro está dividido entre uma direita bastante conservadora e uma esquerda, que nesta eleição precisou caminhar mais para o centro para poder ter alguma chance de vencer.

Lula construiu uma ampla aliança, com vários políticos de centro e centro-direita, incluindo adversários históricos do PSDB, o Partido Social Democrata do Brasil. Entre esses políticos está seu vice-presidente, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que tem sido citado pela bancada de Lula como garantia de moderação em seu governo.

A sua campanha também recebeu um impulso da ex-candidata presidencial centrista Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, e deu apoio a Lula no segundo. Além do apoio de vários economistas renomados e conceituados pelos investidores, incluindo Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil.

Contudo, a vitória por uma margem estreita mostra que seu maior desafio agora será unificar um país politicamente fraturado.

Horas depois que os resultados foram anunciados, vídeos nas redes sociais mostraram que apoiadores de Bolsonaro bloquearam rodovias em dois estados para protestar contra a vitória de Lula. Na manhã de segunda-feira, caminhoneiros em mais de 11 estados fecharam estradas argumentando não reconhecerem o resultado das eleições.

“Só sairemos quando o exército tomar o país”, disse um apoiador não identificado de Bolsonaro em um vídeo feito em Santa Catarina.

Apesar da manifestação acontecer em vários estados, dirigentes de entidades que representam os caminhoneiros afirmam reconhecer o resultado da eleição presidencial e que as paralisações são promovidas por grupos isolados que querem prejudicar a economia.

Com exceção de grupos isolados apoiadores de Bolsonaro, ninguém questionou o resultado das eleições, que foi considerada um sucesso e sem qualquer risco de fraude pelo Ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

“Não vislumbramos nenhum risco real de nenhuma contestação. O resultado foi proclamado, o resultado será aceito. O ex-presidente Lula e Alckmin serão diplomados em 19 de dezembro — disse o Ministro.

Até a manhã de segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro ainda não havia se manifestado sobre o resultado das eleições e sua derrota.

Para governar para todo mundo, inclusive os 58 milhões que votaram em Bolsonaro, Lula terá que formar “alianças pragmáticas” com partes do centro e, inclusive, da direita que comprou a política de seu antecessor.

Até porque ele terá que governar com uma grande oposição, já que o partido e apoiadores de Bolsonaro conquistaram grandes vitórias nas eleições gerais, garantindo a maioria das cadeiras no Congresso e um número significativo de governos estaduais.

Ao mesmo tempo, Lula terá que cumprir as expectativas do seu eleitorado, que foram às urnas esperando não apenas para “se livrar” de Bolsonaro, mas com esperança de tempos econômicos melhores.

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