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Sinopse:

As histórias de vampiros, amplamente difundidas por todo mundo, provém do fabulário húngaro do século XVIII. Vampiro, de acordo com a tradição popular, é a alma aflita de um suicida, criminoso ou herege que sai da sepultura, em geral em forma de morcego, para beber o sangue de seres humanos. O romance gótico Drácula (1897) do autor britânico Bram Stocker, narra a história do Conde Drácula, vilão morto-vivo da Transilvânia, que se tornou típico representante do mito vampiro. ´Drácula´ é um clássico da literatura de horror.

Resenha/Opinião:

Tenho certeza absoluta que Bram Stoker, quando publicou seu livro Drácula, jamais imaginou que mais de 120 anos depois, ele ainda estaria encantando ou aterrorizando gerações de leitores aficionados pela literatura de horror clássico ou gótico. Drácula teceu a forma e deu fama ao mais terrível, e muitas vezes também desejado, vilão de todos os tempos, começando pela literatura e se estendendo para todo tipo de mídia existente criada para o entretenimento. Mesmo não tendo sido o primeiro livro escrito sobre vampiros, Stoker, após muita pesquisa sobre lendas e principalmente sobre o Voivoda da Valáquia, Vlad III, mais conhecido como Vlad, o empalador, definiu, com sua visão de um ser imortal que vive do sangue de seres vivos para se manter “vivo” durante séculos, toda uma geração de literatura gótica e fantástica que dura até os dias de hoje.

Mas apesar de todo seu brilhantismo, Drácula de Bram Stoker, só viu a luz do sucesso no começo do século XX com o advento do cinema no mundo. Incrivelmente, esse livro não rendeu praticamente nada, em termos financeiros, para Bram Stoker, que no final de sua vida estava tão pobre que após sua morte, sua viúva teve que vender todas suas notas e rascunhos sobre o livro em um leilão da Sotheby’s por literalmente uma miséria. Drácula começou a fazer fama quando sua viúva processou os realizadores do filme Nosferatu, alegando similaridades com o romance de seu falecido esposo. Porém, quando a fama chegou, foi para ficar.

Stoker nos leva a uma longa caminhada em busca da destruição de um mal que poderia se tornar pandêmico em uma Inglaterra do século XVIII, não fosse a atuação de um grupo de amigos que, após uma terrível e dolorosa perda, descobrem os planos nefastos de um conde vindo da Transilvânia.

O sobrenatural é magistralmente mostrado em praticamente todas as aparições do grande vilão após sua chegada, que diga-se de passagem foi igualmente dramática e terrível, em Londres. Suas garras invisíveis são sentidas até mesmo à longas distâncias quando esse ser abjeto deseja algo e, geralmente, quando isso ocorre, a tragédia também se apresenta prontamente.

Stoker conseguiu criar uma gama de personagens muito interessante, ligando-os magistralmente, conforme a trama vai acontecendo. Um dos personagens mais enigmáticos e interessantes, na minha opinião, é R. M. Reinfield, que é controlado por Drácula e tem rompantes de loucura e sanidade fora do comum; e quando aparece na história é sempre um prazer inquietante. Todo o romance é ditado por cartas ou diários dos personagens da trama, o que era muito comum naquela época. Mas esse formato em nada diminui ou estraga a narrativa desse fantástico romance.

Apesar de ser um livro de terror, Stoker, apresenta uma escrita romântica em muitos momentos da história, principalmente quando se trata de demonstrar o amor entre os “mocinhos” da caçada ao vilão. É nesse sentido que podemos ver como a sociedade se relacionava naquela época. O amor entre os amigos era algo quase irreal nos dias de hoje. As pessoas eram criadas para honrar seus nomes, seus amigos e amigas, companheiros e companheiras e isso é demonstrado constantemente durante toda a trama de Drácula.

É realmente muito bonito de se ver quando um personagem diz que lhe tem amor e amizade por toda vida e que, e se, precisar basta chamá-lo para que ele esteja ao seu dispor para o que der e vier. Algo que na atual sociedade é quase que extinto, infelizmente. O carinho que Stoker faz com que seus personagens se relacionem é algo extremamente tocante e muitas vezes quando você, meu caro leitor, deitar os olhos em uma linha onde o personagem chora de emoção para com os seus, tenho certeza que seus próprios olhos ficarão marejados, tamanha destreza desse escritor chamado Bram Stoker.

Claro que de nada valeria todo o esforço do autor se sua escrita não fosse boa o suficiente para nos contar essa grande história de horror e aventura; mas para nosso deleite, Stoker tem uma escrita bastante aconchegante, ágil e inteligente, o que faz com que a leitura flua de uma forma quase impossível de se interromper, o que traz mais uma qualidade a esse clássico absoluto.

Mas o grande brilhantismo de Bram Stoker, a meu ver, é apresentar um romance gótico que delineou gerações da literatura mundial, ter moldado um monstro clássico que ainda nos dias de hoje é remodelado e reutilizado à exaustão, sem praticamente tê-lo utilizado diretamente em toda a trama de Drácula e isso é realmente um toque genial.

Nunca vou me cansar de ler esse grande clássico da literatura de horror gótico, ainda mais com uma edição tão bem feita e linda como a que a editora Martin Claret nos apresenta nessa nova e repaginada edição. A começar pela capa que foge do tradicional e aposta na arte temática e cheia de detalhes deixando-a impressionantemente linda. O formato tradicional da editora foi mantido, isso quer dizer que Drácula vem em capa dura, papel pólen [amarelinho], fonte confortável e no mesmo projeto de miolo de O Médico e o Monstro e Frankenstein, fechando assim a melhor trinca de horror clássico de todos os tempos com chave de ouro. Indiscutivelmente, O.B.R.I.G.A.T.Ó.R.I.O.

Sobre o autor:

Bram Stoker (08/11/1847 – 20/04/1912) foi um escritor irlandês conhecido por ter escrito o clássico do terror ‘Drácula’, sua obra criou o mito literário do vampiro de hoje. Escreveu seu primeiro aos 16 anos. Tornou-se administrador do Royal Lyceum Theatre em Londres, trabalho que dividia com as histórias que escrevia, em geral com vampiros.

Ficha Técnica:
Título: Drácula
Autor: Bram Stoker
Tradutor: Maria Luísa Lago Bittencourt
Editora: Martin Claret
Páginas: 480
Ano: 2021
ISBN: 9786559100767

 

 

Jeffa Koontz
Crítico Literário
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Instagram: @literalmente_koontz

 

 

 

JEFFA KOONTZ

By JEFFA KOONTZ

Aprendiz da vida, leitor compulsivo, cinéfilo, "sériefilo", colecionador, músico, resenhista e crítico literário.

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