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A prática de Rosana Paulino abrange desenho, pintura, sutura, gravura, colagem, escultura e instalação. Seu trabalho prioriza questões sociais, étnicas e de gênero, com especial cuidado em explorar o legado duradouro da escravidão e a história da violência racial e de gênero no Brasil. A artista entrelaça arquivos pessoais, científicos e históricos em sua obra, utilizando esses materiais para demonstrar e, em seguida, desconstruir estruturas coloniais violentas, particularmente no que se refere às mulheres afro-brasileiras. Levando em consideração o impacto que esses arquivos e memórias têm sobre valores e sistemas de crenças coletivos, Paulino examina a construção de mitos — não apenas como um pilar estético, mas também como uma influência fundamental na consciência cultural.

A Criação das Criaturas do Dia e da Noite é uma continuação da série manguezal do artista, que retrata mulheres-árvore como um arquétipo mitológico e símbolo do bioma brasileiro. Paulino observa que os manguezais, assim como os povos negros e indígenas do país, têm sido maltratados e explorados. O artista destaca o significado simbólico inerente a esse ecossistema: é onde a vida começa, como lar de inúmeras espécies e como reservatório de carbono azul, e onde a vida termina, devido à decomposição do próprio manguezal. Em A Criação das Criaturas do Dia e da Noite, Paulino reimagina essa dualidade entre vida e morte como dia e noite. Da esquerda para a direita, a cor do céu desbota da luz do dia para um tom mais profundo, da meia-noite. Em vez de halos dourados tradicionalmente vistos em representações europeias de figuras sagradas, as cabeças das mulheres-árvore são emolduradas por halos que lembram o sol e a lua. Da mesma forma, os animais que cercam as deusas também fazem referência à transição do dia para a noite. No lado esquerdo da composição, Paulino retrata duas aves diurnas nativas do bioma manguezal: a garça-branca-branca e, nas mãos da mulher-árvore, o íbis-escarlate. À sua direita, a outra deusa segura uma coruja e está ladeada por dois morcegos, ambos noturnos. Juntos, esses elementos apresentam uma rica e nova estrutura mitológica para o manguezal, rompendo com as representações moldadas pela colonização e exploração.

Biografia da artista

Rosana Paulino (n. 1967, São Paulo, Brasil) vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Realizou exposições individuais em instituições como MALBA, Buenos Aires, Argentina (2024); Kunstverein Braunschweig, Brunsvique, Alemanha (2022); Museu de Arte do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (2019); Museu de Arte Frank – Universidade Otterbein, Westerville, Ohio (2019); Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil (2018); Clifford Art Gallery, Colgate University, Nova York (2018); Museu de Artes Visuais da Unicamp, Campinas, Brasil (2018); EGEAC, Lisboa, Portugal (2017); e Museu de Arte Contemporânea de Americana, São Paulo, Brasil (2013). Participou de importantes exposições coletivas internacionais, incluindo O Legado Burle Marx, MAM Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2024); 35ª Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil (2023); The Milk of Dreams, 59ª Bienal Internacional de Veneza, Veneza, Itália (2022); Histórias Afro-Atlânticas, Galeria Nacional de Arte, Washington, DC (2022); Posicionamento Global, Public Art Foundation, Nova York, Boston, Chicago (2022); Brasilidade: Pós Modernismo, CCBB, Brasil (2022); 22ª Bienal de Sydney, Sydney, Austrália (2020); Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros, Instituto Moreira Salles, São Paulo, Brasil (2021); 21o Bienal Sesc VídeoBrasil, Sesc 24 de Maio, São Paulo, Brasil (2019); Escravidão nas mãos de Harvard, Universidade de Harvard, Boston, Massachusetts (2019); Histórias Afro Atlânticas, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2018); Mulheres Negras – Obscure Beuaté Du Brésil, Espace Culturel Fort Griffon À Besançon, Besançon, França (2014). Seu trabalho está presente em coleções de grandes instituições ao redor do mundo, incluindo Centro Pompidou, Paris, França; Museu de Arte da Universidade do Novo México, Albuquerque, Novo México; Museu de Artes de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; O Museu de Arte Frank, Westerville, Ohio; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo; São Paulo, Brasil; Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu AfroBrasil, São Paulo, Brasil; Museu Salvador Allende, Santiago, Chile; Museu de Arte Pérez, Miami, Flórida; e Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil.

Apoio

O principal suporte para High Line Art vem de Amanda e Don Mullen. O principal apoio é fornecido por Shelley Fox Aarons e Philip E. Aarons, The Brown Foundation, Inc. de Houston e Charina Endowment Fund.

A High Line Art é financiada, em parte, com fundos públicos do National Endowment for the Arts, do Conselho Estadual de Artes de Nova York, com o apoio da governadora Kathy Hochul e da Assembleia Legislativa do Estado de Nova York, e do Departamento de Assuntos Culturais da Cidade de Nova York, em parceria com o Conselho Municipal de Nova York, sob a liderança da presidente da Câmara, Adrienne Adams.

O mural de Rosana Paulino, “A Criação das Criaturas do Dia e da Noite”, é possível, em parte, graças a uma doação em espécie da Meadow Partners e do Canvas Property Group. Pintado pela equipe da Overall Murals.

Até dezembro The High Line (22nd St, NYC)

Fonte: www.thehighline.org

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